Poeta Castro Alves
Castro Alves (1847-1871) nasceu no estado da Bahia.
Ele destaca-se como a
voz mais importante da terceira geração romântica, não apenas por ser sido o poeta dos escravos, mas também por
seus versos expressivos e indignados com a realidade do Brasil.
A curta vida
deste poeta baiano foi marcada por episódios dramáticos. Castro Alves foi um
dos fundadores da sociedade abolicionista, escreveu em 1854 “Os escravos”.
Pregava contra a escravidão em todas as oportunidades que apareciam. Fez o
curso de Direito em São Paulo.
Um tiro acidental no pé, disparado por sua
própria arma, o fez voltar à Bahia com o pé amputado. Faleceu aos 24 anos de
tuberculose em 1871, sem ter visto a abolição da escravatura. Apesar de ter
vivido tão pouco, este artista notável deixou livros e poemas significativos
para Literatura Brasileira. A poesia
de Castro Alves apresenta influência das obras de Lord Byron e mais dois outros
aspectos: o lirismo amoroso sensual e o Condoreirismo Épico.
O amor em Castro
Alves é sinônimo de sensualismo. As amadas deste poeta ardente, diferentemente
das distantes donzelas dos ultrarromânticos, aparecem numa figura feminina
concreta, próxima, conquistada. O lirismo é inflamado, sensual.
Na poesia
épica, Castro Alves se faz defensor dos escravos, retratando sua miséria humana
com violentas pinceladas, num tom hiperbólico e eloquente (característico do
condoreirismo) que constitui uma arte verdadeiramente revolucionária. Este tom
– alto, aberto, franco – é inovador.
Os autores anteriores do Romantismo
centravam-se no “eu” a problemática de suas poesias. Sem eliminar de todo a
emoção pessoal, o Castro Alves condoreiro procura chamar a atenção de seu
interlocutor, que deve ser conquistado para a causa abolicionista por meio de
uma poesia de tom declamatório, mais para ser ouvida do que lida.
Produção Literária desse poeta
Obras poéticas: "Espumas flutuantes", "A cachoeira de Paulo Afonso", "Os escravos".
Obra teatral: "Gonzaga ou a revolução de Minas"
Produção Literária desse poeta
Obras poéticas: "Espumas flutuantes", "A cachoeira de Paulo Afonso", "Os escravos".
Obra teatral: "Gonzaga ou a revolução de Minas"
“O NAVIO
NEGREIRO”
Este é um dos maiores poemas contra a escravidão, “O navio
negreiro”, inserido na obra “Os escravos”, também é um dos mais belos poemas da
literatura brasileira. Desenvolvido em seis partes, é um exemplo de poesia
condoreira – influência do poeta francês Victor Hugo -, em que o poeta se põe
no lugar do *condor, vê o mundo do alto e tem dele melhor discernimento.
*condor é uma ave que voa muito alto e que habita os Andes."O navio negreiro"
[...] Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que as luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoas vãs.
[...] Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
No entanto, o capitão manda a manobra
E após, fitando o céu que desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da roda fantástica a serpente
Faz doudas espirais!
Qual num sonho dantesco as sombras voam...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus... [...]
(Castro Alves. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976, p. 280-281.)
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus... [...]
(Castro Alves. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1976, p. 280-281.)
Vocabulário do poema:
dantesco: relativo aos suplícios infernais descritos pelo poeta Dante Alighieri, em A divina comédia
tombadilho: estrutura erguida na popa de um navio
luzernas: clarões
açoite: chicote
espectros: fantasmas
TAREFA nº 2 (25/03/2020)
EXERCÍCIOS SOBRE O POEMA "O NAVIO NEGREIRO"
1. O poema de Castro Alves busca emocionar, ressaltando a terrível situação a que estavam submetidos os escravos. Indique ao menos três aspectos da cena descrita que colaboram para provocar piedade no leitor.
2. A ironia é um dos recursos empregados no poema para enfatizar o cruel tratamento dispensado aos escravos. Por que se pode afirmar que o verbo "dançar" foi empregado na primeira estrofe com sentido irônico?
3. Em que momento se revela a indignação do eu lírico em relação à condição dos escravos?
4. Transcreva da primeira estrofe uma hipérbole, figura de linguagem frequentemente empregada pelos poetas condoreiros.
*Enviar esta tarefa respondida para o email: joymaraoliveira@gmail.com
ASSISTAM A ESTE VÍDEO PARA SABER MAIS SOBRE O POEMA:
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